segunda-feira, janeiro 15

hare krishna

É emocionante quando descobrimos em simultâneo duas formas específicas de arte que nos despertam paixões. Não vou estender-me em definições de paixão, é suficientemente complexo e pode resultar num discurso denso e pouco apetecível. Encare o leitor este post como uma sugestão de um filme que pode ver e de um livro que pode ler.
O livro é da autoria de Frederico Lourenço: A máquina do arcanjo, uma espécie de autobiografia mais ou menos ficcionada, que agradará aos leitores de Clarice Lispector («Eu próprio, se calhar, era mais árvore do que gente...») e a todos aqueles que apreciam nomes que nos elevam ao mundo da Antiguidade Clássica e da música erudita. Evocam-me algumas das suas palavras um nome que recordo com afecto: Carlos Mendes de Sousa, sumidade intelectual em domínios de literaturas brasileiras e com quem aprendi a gostar de Machado de Assis.
Não menos envolvente é o filme As águas. Gostaria de precisar o nome do realizador; mas, não sendo possível, dir-vos-ei que é um filme baseado numa realidade cruel que afecta ainda algumas viúvas na Índia. Sob roupagens de um religiosismo cego, escondem-se interesses económicos que ignoram os direitos humanos da mulher.

domingo, janeiro 7

Ode ao amor...

Ontem fui ver um filme que, entre os que estavam em exibição, me pareceu o menos mau. Uma comédia que fala de amor e do quanto nos podemos surpreender quando nos propomos esquecer um amor antigo. A reflexão é simples, nada de especial, não fosse o elenco o atractivo do filme: diaz, winslet, law e black; e este seria outro filme banal e lamechas que atravessou o oceano e invadiu a nossa península. Mas avante, a reflexão é mais profunda: a nossa vida deixou de ser um puzzle e assemelha-se mais à imagem criada por Nava quando fala de uma série de memórias que, ao desaparecerem, dão lugar a outras... Assim, a ausência não existe; ou, se existe, é disfarçada com um pensamento mágico.
Não me julgue o leitor sem ver o filme e sem saber se, ao vê-lo, se identificará com qualquer uma das personagens. Eu sou todas. E não me venham dizer que este filme não pode ser um retrato de um momento das nossas vidas. É de certeza.
Uma ode ao amor, transformada em comédia holywoodesca razoável, mas com excelentes actores. (Por certo, a Kate Winslet cresceu a ser mãe.)

segunda-feira, janeiro 1


Olho para o céu nublado sem estrelas e sinto-me pequeno. Hoje. Ontem pude imaginar que, sem distância, as estrelas são o que de mais pequeno existe e me rodeia nesta cidade. Também tive os meus amigos. Mas esses são grandes!

Que este novo ano nos permita ser grandes, por momentos que seja...