postal de natal
Sentou-se para escrever um postal de
natal. pegou na caneta e, antes de desenhar qualquer letra, quase como se
tratasse de um prelúdio, esboçou um breve sorriso. lembranças de infância
entorpeceram-lhe os sentidos. manhãs frias de inverno entretidas com risos de
irmãos, de sobrinhos e de primos, ofereciam-lhes o musgo aveludado que haviam de
carregar no carrinho de mão até casa para acomodar o presépio e servir de tapete à árvore de
natal. gastavam assim um dia, a construir um mundo… aquele mundo, que cabia num hall de entrada de tão minúsculo que era. perfeito. pretérito. pretérito que, de tão perfeito, findara. como se apenas o imperfeito fosse inacabado e se pudesse prolongar no tempo. olhou pela janela. o céu escurecera mais cedo. escolhera para os amigos o dia mais pequeno do ano. amigo imperfeito. cantarolou, enquanto ouvia uma musiquinha de natal, seguiu-se-lhe um suspiro grave que lhe esvaziou a alma e escreveu 22 de dezembro.
1 Comments:
que descripcion tan perfecta de lo que es mi sentimiento en esas fechas.. hermosas palabras, y tristes
doloroso ver lo que fui y no soy, y lo que soy y no seré....
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