segunda-feira, dezembro 30

do sentir dos dias ou feliz ano novo

renasceria com o ano novo, fizera essa promessa. sentia cada ano como uma nova pele que lhe permitiria recolher o mundo de outra forma. não era mais o mesmo: ele e o mundo. diziam que era mais sábio nas palavras e nos gestos. diziam também que mais experiente. largava-se da alma e fazia-se só corpo e por dentro o vazio que receberia o início, o durante e o fim de cada um dos trezentos e sessenta e cinco dias do novo ano. era assim, previa-se a si e à sua fome do mundo para esburacar-se e ganhar sítio adentro. tocariam as doze badaladas e, em cima de uma cadeira, engoliria doze uvas passas de desejos a cumprir. secretos para que pudessem virar destino. silêncio a consenti-los. sentidos.