hare krishna
É emocionante quando descobrimos em simultâneo duas formas específicas de arte que nos despertam paixões. Não vou estender-me em definições de paixão, é suficientemente complexo e pode resultar num discurso denso e pouco apetecível. Encare o leitor este post como uma sugestão de um filme que pode ver e de um livro que pode ler.
O livro é da autoria de Frederico Lourenço: A máquina do arcanjo, uma espécie de autobiografia mais ou menos ficcionada, que agradará aos leitores de Clarice Lispector («Eu próprio, se calhar, era mais árvore do que gente...») e a todos aqueles que apreciam nomes que nos elevam ao mundo da Antiguidade Clássica e da música erudita. Evocam-me algumas das suas palavras um nome que recordo com afecto: Carlos Mendes de Sousa, sumidade intelectual em domínios de literaturas brasileiras e com quem aprendi a gostar de Machado de Assis.
Não menos envolvente é o filme As águas. Gostaria de precisar o nome do realizador; mas, não sendo possível, dir-vos-ei que é um filme baseado numa realidade cruel que afecta ainda algumas viúvas na Índia. Sob roupagens de um religiosismo cego, escondem-se interesses económicos que ignoram os direitos humanos da mulher.