terça-feira, abril 8

escrevo com o coração


Estes dias tenho andado em processo de divórcio litigioso com o meu leito. Não tem sido tão difícil como previa, até porque me convenci de que quanto mais cedo sair de um estado amnésico - os demais chamam-lhe sono - mais aprendo. E surpreendo-me a cada momento. Ou melhor, surpreendem-me. Hoje ouvi uma das expressões mais belas de sempre, tenho pena não ser minha - até sinto um pouco de inveja, confesso - mas não me atrevi a dizê-la minha, até porque nutro pela autora um carinho especial. É uma rapariga como qualquer outra, tem 39 anos que a maltrataram e, por isso, hoje é mais seca... não seca de carnes, pelo contrário. Seca a olhar os outros. Pariu duas vezes. Serviu de armazém a espermas bêbados. Agora, serve de armazém a más memórias. E escreve-as. Sãos os filhos que ainda lhe deixam correr sangue nas veias. São o coração. Dir-me-á o leitor que sou cru. Relato uma verdade e quero que cada um de vós possa imaginar o que uma mulher destas sentiu. Foi coisa.


Estará o leitor a passear os olhos já impacientes por estas linhas... depois, começará a pensar em aniquilar-me dos favoritos - caso lá tenha ido parar, ou então dirá que o acaso foi infeliz... mas, leitor, podes "saltar" linhas... li algures que é um dos teus direitos...


... "eu não escrevo com as mãos, sou assim, escrevo com o coração"... é esta a frase. Escrevo-a enquanto a autora planta as batatas lá do quintal, com as tais mãos que são coração.

terça-feira, abril 1

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Escasso em palavras, hoje sou emoções. Sou alegria porque alguém chega, sou tristeza porque alguém parte, sou medo porque amo e sou amor porque sinto.