domingo, julho 13

Com um café entre Graça e Burmester


Chego e sento-me, como faço em qualquer café que me agrade e que me sirva para reflectir sobre as minhas vidas. O moço de avental há-de trazer-me o café gelado de sempre. Bebido, hei-de escrever o que quer que seja. Hoje inclino-me para a arte de Graça Morais ou mesmo para a de Gerardo Burmester. Ambas me fascinam. A primeira porque a sinto quase kafkiana pelas suas metamorfoses e como olha para o mundo humano a devir animal. A segunda porque exige que olhemos para ela sem grandes delírios. Quer que nos livremos de tudo o que está lá fora e que, por momentos, a sintamos, ou melhor, nos sintamos dentro dela. Viro a página, desvio o olhar e aprecio as pequenas árvores que um dia hão-de dar sombra àquela fonte, os traços rectos da construção que hoje cheiram a fresco e amanhã alimentarão heras e bichos. Amanhã. Amanhã é segunda. As portas estarão fechadas. Vazios de gentes, os corredores darão descanso aos vidros que desenham retratos de quem os olha. Fecho o caderno. Arrumo-o. A caneta, essa empresto-a ao corrector de trabalhos. O outro eu. A minha outra vida.

2 Comments:

At domingo, 27 julho, 2008, Blogger Unknown said...

¡Pero Edu! ¿es lugar idóneo para “reflectir sobre as miñas vidas” en “qualquer café”? ¡Qué original! Es posible que cualquier lugar o momento sea idóneo para reflexionar sobre nuestra existencia (¿nuestras “miñas” vidas?)… Pero ¿no te despista hacerlo entre Morales e Burmester? Es decir, entre la pintora cuyas obras “no nos pueden dejar indiferentes hacia ese devenir animal” (¿metamorfosis del hombre?) y el “creador que reclama para su arte la libertad de usar diferentes materiales” (¿será cierto que “los colores no dicen nada”?). ¡Ya de por sí no es fácil “filosofar” –y, más aún, escribir– sobre la vida del hombre… cuánto más cuando entran en nuestra mente los “fantasmas” de los demás! Sin embargo, tú sí eres capaz de hacerlo… Comienzas muy optimista: “Ambas me fascinan. A primeira porque a sinto quase kafkiana…” (Sinceramente, poco conozco de la vida y obra de F. Kafka); “A segunda porque…”. Pero, pronto “viras a página, desvías o olhar e aprecias… árvores… fonte… fresco e amanhâ alimentarâon eras e bichos” ¿Acabamos de pasar al pesimismo? ¿O, tal vez, descubrimos a la cruda realidad? ¿qué realidad? ¿la de nuestra vida? ¿la del difícil arte de interpretar nuestras existencias, nuestros pensamientos, nuestros artes clásicos o contemporáneos… la metamorfosis kafkiana o moraliana…? ¡Mejor no seguir pensando ni escribiendo…“fechar o caderno e arruma-lo”… Además, el domingo termina y “amanhâ é segunda”. “O outro eu”… precisa dun café frío y de una conversa cálida contigo. “A outra minha vida” espera… Un abrazo, Alex.

 
At segunda-feira, 26 janeiro, 2009, Anonymous Anónimo said...

Olá, que dizer acerca do post?
Bem, parece-me bastante filosófico. Penso que nos leva a reflectir acerca da vida e dos problemas que vão surgindo e que à medida que o tempo passa vamos aprendendo. Penso que a "metamorfose", referida no post, ilustra na perfeição o facto de existirem transformações na vida do ser humano. Contudo, no meu ponto de vista, o café não é, nem de perto nem de longe, o lugar ideal para reflectir acerca da vida, por ser um lugar onde supostamente aproveitamos para relaxar e esquecer o trabalho nem que seja por poucos instantes.
É tudo, bye-bye

 

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