quarta-feira, junho 11

da paixão de há séculos ou do devir amor

Hoje amo-te. Amanhã direi que não sei, não porque não sinta que te ame mais ainda, mas porque quero tão-somente ser mais verdadeiro. Alimento-me de incertezas. Sinto-te dentro, vísceras e carne entranhadas. És por dentro também, e do meu sangue. Ontem não pensei amar-te tanto. Hoje, na tua ausência, incompleto-me.

Goethe ou as conversas com Werther

Conversei com Werther. Há-de ser o eterno romântico perdido em bucólicas tardes. Tive-o numa qualquer manhã de verão há uns bons dez anos, mas talvez não me tivesse agradado a sua conversa. Abandonei-o então. Depois, até senti a falta dele.
Uma noite destas, de visita a uma feira do livro encontrada ao acaso em cima da mesa de um café teatro que frequento com um amigo de há séculos, reencontrei-o. Ontem perdemo-nos em conversas de madrugadas. E hoje. Amanhã talvez.

terça-feira, junho 10

pede-me

Às vezes ficamo-nos pelos gestos, pedimos com os olhares, com as mãos, até com a pele. Emudecemos. Não porque dispensemos palavras, simplesmente as esgotamos com conversas do alheio. Dizemos do tempo, das casas... do que não é tão nosso. Gastamos palavras.
(inc)